Viviam com muitas dificuldades.
Apareceu um fazendeiro de Sananduva que pretendia, a todo custo, ficar com o Vergílio. Ofereceu 11 vacas escolhidas, um cavalo com o selim e 12 contos de réis. Uma fortuna para quem vivia em dificuldades. Evidentemente que os pais não aceitaram a proposta.
Vergílio ficou doente. Não aceitava ir com o pai e nem queria comer em casa. Ia à casa do vizinho, o negro Terê, comer feijão e milho. O Terê também queria o Vergílio, mas a mãe dizia; não o dei por dinheiro, também não vou dá-lo de graça. O Terê argumentava: Lá em minha casa ele se cria melhor, vocês são pobres.
Em 27-12-1922 nasceu o Vitalino. Para ajudar nos trabalhos domésticos, a avó Ester mandou a filha Florentina. Esta, lá permaneceu por dois anos
Em São Ricardo, plantaram roça grande, mas na vizinhança havia criadores de porcos soltos, que estragavam a plantação.
Os fazendeiros não davam atenção às reclamações e não indenizavam… Um dos fazendeiros era Carlos Raymundi.
Um vizinho roubou uma novilha do fazendeiro e enterrou os restos no fundo do terreno. Ficaram calados com medo da represália.
A Dosolina lembra que passavam noites de plantão, para impedir, que os porcos criados soltos pelos vizinhos, estragassem toda a roça. Naquele ano, haviam plantado dois alqueires de milho mas, só puderam colher 40 cargueiros(cerca de 40 sacas), apesar de ser muito boa a produtividade.
Não havia mais condições. Venderam a propriedade e partiram para Santa Cecília. A mudança seguiu num cargueiro emprestado e um cavalo de montar.
Partindo, ao passar em frente à casa do vizinho, seu Marçal, cuja criação mais estragos fez em sua roça, deu um tiro de garrucha, para o ar. O cavalo que transportava a mudança se assustou e acabou espalhando os pertences. Deu trabalho para juntar tudo. A viagem durou um dia.
Como equipamentos de cozinha, tinham uma panelinha de ferro para a polenta, o famoso “brondin”, e uma chaleira de ferro.
Compraram, no armazém do senhor Pantaleão Cardoso de Aguiar, l kg de café, cuja embalagem era uma caneca com bico, que foi usada como bule. O recipiente passou a ser chamado de “pantaleão”.
O café, na verdade, era trigo quase queimado, misturado com rapadura, resultando uma massa que era triturada com uma garrafa sobre a mesa. Esse pó era a base para o “café”, que nunca faltava na casa.
Como bons italianos, não lhes faltavam: abóboras, frutas e verduras. Conta a mãe ainda hoje, que ali naquela propriedade não puderam criar vacas nem porcos pois, os animais apesar de muito bem tratados, definhavam até morrer de inanição. Nunca souberam a causa disso. Criaram muitas galinhas, inclusive uma em especial, que foi o animal de estimação do Vergílio que carinhosamente a chamava de “Pépola”, que viveu por muitos anos e criou muitas ninhadas de pintos.